r realizado […] conscientizando-a do que pode ser e o que
pode vir a ser,
aquele que ama
faz com que essas potencialidades venham a se realizar".
(Victor Frankl)
Vamos fazer uma reflexão sobre a manifestação amorosa do terapeuta pelo cliente, a que é denominada "amor terapêutico".
Nesse
tipo de relação o amor pode acontecer, e se manifesta com características
diferenciadas. Diferente do amor por si mesmo, amor fraterno, amor materno,
amor erótico e amor romântico ou paixão.
O
amor terapêutico envolve aceitar o cliente tal como ele é, perceber as suas necessidades,
sentimentos, crenças, valores, conflitos e dificuldades entre outras coisas.
Na
relação terapêutica amorosa, o terapeuta se permite discordar do cliente,
frustrar manipulações e jogos de controle, estabelecer limites entre terapeuta
e cliente, oferecer suporte para que o cliente experimente as próprias
limitações e dificuldades, responsabilizando-se por elas.
O
terapeuta que ama seu cliente precisa ser muitas vezes firme e forte para
evitar manipulações e ajuda-lo a assumir responsabilidades. Isso não quer dizer
que ele deva ser rude, agressivo ou frio, o que não seria uma atitude amorosa.
A essência do Amor é o relacionamento.
A
relação terapêutica possui conhecidas características que a diferenciam das
demais relações humanas, extensamente estudadas nas teorias da prática
psicoterápica. O amor terapêutico é mais um dos aspectos que distinguem essa
forma de encontro de tantas outras.
O
amor terapêutico pode se manifestar não só na relação psicoterapeuta-cliente;
um médico, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo, um terapeuta ocupacional também
podem manifestar-se amorosos na relação com seus pacientes; certamente, suas
atitudes amorosas facilitarão o processo de cura, de recuperação ou de
reabilitação dos mesmos, uma vez que a saúde é muito mais do que a ausência de
doenças, mas um estado de integração do indivíduo.
É através do estado de ser amoroso que o terapeuta cria condições para que o cliente possa ouvir, ver compreender, aceitar e amar a si mesmo. O amor só pode ser recebido pelo cliente se ele próprio estiver em estado amoroso; o amor do terapeuta cria a oportunidade para que o potencial de amor do cliente possa ser ativado por ele mesmo.
É através do estado de ser amoroso que o terapeuta cria condições para que o cliente possa ouvir, ver compreender, aceitar e amar a si mesmo. O amor só pode ser recebido pelo cliente se ele próprio estiver em estado amoroso; o amor do terapeuta cria a oportunidade para que o potencial de amor do cliente possa ser ativado por ele mesmo.
As
atitudes amorosas do terapeuta favorecem o contato do cliente com o
"desamor" próprio, uma vez que através da relação terapêutica ele
poderá perceber que, apesar de ser aceito, valorizado, respeitado e amado,
ainda assim ele rejeita, desvaloriza, desrespeita e deixa de amar a si mesmo.
O
cliente que não ama a si mesmo envolve-se em relações não amorosas, pois nesse
caso relacionar-se com o outro amoroso significa perceber-se e deparar-se com
as próprias dificuldades. O indivíduo amoroso não estabelece jogos
manipulativos, nem se cristaliza no desempenho de papéis rígidos, ou absorve
projeções advindas do parceiro. Relacionar-se com uma pessoa verdadeiramente
amorosa é como estar diante de um espelho e ver refletida a própria imagem,
seja ela bela ou defeituosa.
E
este é um dos aspectos essenciais da relação terapêutica: o terapeuta amoroso
confirma as necessidades do cliente e o aceita tal como é, mas sem
contracontrolar ou manipular, sem seduzir sem deixar-se seduzir, sem incorporar
projeções ou buscar onipotentemente satisfazer o cliente e "salvá-lo"
das próprias dificuldades. Ele se oferece como instrumento para que o cliente
experimente com segurança todo sofrimento auto-imposto, e a partir da
constatação profunda de seus modos de existir, possa confirmar-se e
compreender-se para ser capaz de amar a si mesmo.
O
terapeuta amoroso não só funciona como "espelho" dos aspectos
conflitantes ou destrutivos do cliente. Obviamente, reflete suas capacidades e
potencialidades, como também com a própria beleza, seus aspectos construtivos,
belos e únicos, sua singularidade. O cliente que não se vê, não deixa apenas de
deparar-se com os medos e as dificuldades, como também com a própria beleza,
seus aspectos positivos e criativos, suas capacidades e habilidades, enfim, com
a própria individualidade.
A
atitude amorosa do terapeuta permite que o cliente passe a questionar o
"mito do amor condicional", ou seja, as crenças, os valores e as
atitudes, nos relacionamentos afetivos, baseadas na crença maior de que o amor
só pode ser vivido sob certas condições. Possibilita também que o cliente
experimente uma nova maneira de relacionar-se, na qual a aceitação, o respeito,
a consideração, os limites, a responsabilidade, o compartilhar e o amor estão
presentes.
Assim,
ao oferecer um clima de segurança, o terapeuta possibilita ao cliente
experimentar a vulnerabilidade, as necessidades, os sentimentos próprios e
também, o amor. O cliente pode ser aceito, respeitado, valorizado e amado e,
progressivamente, recuperar a aceitação de si mesmo, desenvolvendo sua
capacidade para amar.
Fontes:
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