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sexta-feira, 20 de abril de 2012


DEPRESSÃO
É uma doença física como outra qualquer, só que desorganiza as reações emocionais.

A depressão é muito complexa e difícil de ser diagnosticada, pois um dos seus principais sintomas pode ser confundido com tristeza, apatia, preguiça, irresponsabilidade e em casos crônicos como fraqueza ou falha de caráter.

É muito comum ouvir as pessoas dizer que estão “deprês” ou deprimidas, quando apenas estão chateadas, estressadas ou porque se desentenderam com alguém.

Independente do estado de espírito, até o ser mais iluminado perderia a paciência ou se chatearia numa briga de trânsito, invertida profissional, falta de grana, doença na família, perda de um ente querido, desemprego, crise conjugal e etc... Isto é comum na vida das pessoas, oscilamos o nosso humor diariamente. Só que depois de um curto período de tempo voltamos ao normal, sem grandes dramas, correndo atrás do prejuízo.

Já a pessoa deprimida ou com predisposição, às vezes com uma chateação corriqueira, pode ser nocauteada e cair num abismo sem fim ou então, ser mais resistente, mas numa crise brava também vai pro abismo. Por que é assim mesmo que se sente um deprimido. Uma pessoa sem perspectiva de vida, sem amor próprio, pessimista, desanimada que não vê graça em nada a não ser no seu isolamento e luto em vida.

Na realidade este desânimo perante a vida não é falta de atitude e sim um mau funcionamento cerebral. Porque embora muitas pessoas acham que depressão é frescura, ela é uma doença, um desequilíbrio bioquímico dos neurotransmissores (mensageiros químicos do impulso nervoso) responsáveis pelo controle do estado de humor.

A dopamina e serotonina são neurotransmissores que estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. A serotonina está ligada a sentimentos de bem estar ou mal estar. Ela regula o humor, o sono, a atividade sexual, o apetite, o ritmo cardíaco, as funções neuroendócrinas, temperatura corporal, sensibilidade à dor, atividade motora e funções cognitivas. A dopamina está associada à sensação de euforia, entusiasmo e prazer. Esta regula o controle do movimento, da percepção e da motivação.

Na depressão a dopamina, serotonia e outras substâncias químicas como a noradrenalina, ácido gama-aminobutírico e aceticolina ficam alterados, desorganizando o estado de humor, as emoções, capacidade mental e o bem estar geral do organismo.


SINTOMAS:

Após um período de tristeza, a pessoa esmorece e fica “isolada do mundo”. Não sente vontade de reagir, não acha graça em nada, se sente angustiada, sem energia, chora à toa, tem dificuldade para começar uma tarefa, dificuldade em terminar o que começou, persistência de pensamentos negativos e um mal-estar generalizado: indisposição, dores pelo corpo, insônia ou sonolência, alterações no apetite, falta de memória, concentração, vulnerabilidade, fraqueza, taquicardia, dores de cabeça, suores ou outros sintomas físicos que joga a pessoa pra baixo.

CAUSAS:

A classe médica acredita que a depressão é um fator genético, pois aparecem em algumas famílias e em gêmeos também. Por isso é importante investigar se há casos de depressão na família do doente, pois as chances genéticas são grandes.

A depressão também pode ocorrer depois de uma situação estressante ou de perda. É comum sentir-se triste, desesperado numa crise financeira, separação ou morte de um ente querido. Também é normal se sentir fragilizado após uma situação estressante como um assalto, estupro ou seqüestro. Esta tristeza e medo tende a passar depois de um período de duas semanas a seis meses, depois disto a vida vai entrando nos eixos. Só que às vezes a pessoa não consegue reagir e esta tristeza se transforma em depressão, principalmente nas pessoas com predisposição à doença.

Existem também algumas doenças físicas que podem causar depressão: esclerose múltipla, derrame, hepatite, hipotireoidismo, apnéia do sono, hipertensão, insuficiência cardíaca, diabetes. Além das doenças terminais como câncer e Aids.
Alguns medicamentos e drogas também levam á depressão como: cortisona, anfetaminas, pílulas anticoncepcionais, quimioterapia, álcool, crack, ecstasy, maconha entre outros.


TRATAMENTO:  
 Como qualquer outra doença física, o tratamento da depressão será feito após uma avaliação física e psíquica por um médico psiquiatra. O tratamento inclui o aconselhamento psiquiátrico e os remédios antidepressivos, que regulam a química cerebral.

Ás vezes a medicação precisa de ajustes, ou tem um efeito colateral incômodo. Por isso é importante a visita periódica para a avaliação médica e o ajuste ou troca do medicamento. Os antidepressivos demoram de duas a quatro semanas para atuar efetivamente na doença. Uma vez restaurada a química cerebral a depressão tende a melhorar e fica mais fácil erguer a cabeça e tomar uma atitude perante a vida.

Mas é importante ressaltar que apesar da melhora o tratamento ainda vai continuar por um prazo indeterminado, sob a avaliação do psiquiatra.

Além da medicação é importante a psicoterapia, a força de vontade do paciente de correr atrás dos seus sonhos (objetivo), o auxílio da família, dos amigos e de um grupo de ajuda. Quanto mais amparado o paciente estiver, melhor será o processo de cura.


TIPOS DE DEPRESSÃO:
Episódio ou fase depressiva e transtorno depressivo recorrente
Os sintomas depressivos (tristeza, choro fácil e/ou frequente, apatia, sentimento de falta de sentimento, sentimento de tédio, irritabilidade aumentada, desespero, desesperança, culpabilidade, transtorno de sono e apetite) devem estar presentes em pelo menos duas semanas, e não mais do que dois anos, sem interrupção. Os episódios, geralmente, têm duração média de seis meses e variam no minimo de três e máximo de 12 meses.
Pode ser classificado de acordo com a intensidade [leve, moderado, grave] e com a importância clínica dos sintomas. Quando o paciente apresenta vários episódios depressivos, com ausência de episódios maníacos, disgnostica-se, portanto, transtorno depressivo recorrente.

Distimia

Considerada uma depressão crônica, de intensidade leve na maioria das vezes mas, com longos períodos de duração [vários anos], sem interrupção e por, no mínimo, dois anos. Os sintomas mais comuns são diminuição da auto-estima, dificuldade em tomar decisões ou de concentração, mau humor crônico, irritabilidade.

Depressão Atípica

Além dos sintomas depressivos comuns, são somados aumento de apetite (doces), hipersonia (aumento em média de duas horas a mais do que o normal), sensação de corpo pesado, humor alterado (vai de um extremo ao outro com muita facilidade).

Depressão Tipo Melancólica 
É um tipo de depressão que está mais associada a fatores neurológicos, cujos principais sintomas envolve uma tristeza sentida no corpo, falta de interesse, lentidão psicomotora, ideação de culpa e a intensidade da depressão diminui conforme o passar do dia.

Depressão Psicótica 
É um tipo de depressão grave em que um ou mais sintomas psicóticos estão associados como delírios de culpa e alucinações com conteúdos depressivos.

Depressão Pós-Parto 
A Depressão Pós-Parto, geralmente, tem início 4 semanas após o parto, com sintomas gerais de depressão, sem grandes variações, podendo incluir variações intensas de humor e de preocupações com o bebê que pode ser exagerada ou até mesmo delirante.

Esse tipo de depressão pode estar associada à características psicóticas, cujo maior fator associado é o infanticído, no qual a mãe tem alucinações e recebe comandos para matar o bebê ou delírios de que este tenha algo de ruim que justifique sua morte.

Geralmente, mulheres com depressão pós-parto desenvolvem ansiedade grave e ataques de pânico. Suas atitudes em relação ao bebê podem variar desde excesso de cuidado, a ponto de não deixar o bebê um segundo sequer, ao desinteresse completo, deixando de amamentar e/ou cuidar da higiene da criança.

É importante ressaltar que a deprssão pós-parto não está associada àquela tristeza inicial, em que a mãe se deprime nos primeiros 10 dias após o parto, pois é uma tristeza passageira e não afeta os comportamentos da mãe em relação ao cuidado do bebê, nem sua noção de realidade.
 
O pós-parto é um período extremamente importante, tanto na vida da mãe, quanto do bebê, em que alterações biológicas [tanto na estrutura do corpo da mulher, como nos hormônios e neutrotransmissões associados], psicológicas e sociais são delicadas e devem ser acompanhadas e apoiadas por familiares, amigos, pelos médicos responsáveis pela saúde da mãe e do bebê.

Esturpor Depressivo 
Nesse tipo grave de depressão, o paciente pode permanecer dias acamado, sem querer se movimentar, não quer falar com pessoas ou fazer qualquer atividade cotidiana, não tem vontade de se alimentar, e em casos mais complexos não consegue nem controlar a evacuação de urina ou fezes, o que pode gerar agravos clínicos e evoluir à óbito.

Depressão Agitada ou Ansiosa 
Possui grande agitação psicomotora com queixas de angústia intensa que se soma aos sintomas depressivos, aumentando a possibilidade de suicídio.

Depressão Secundária 
É um tipo de depressão que está associada a outro quadro clínico como fator agravante, como hipo/hipertireoidismo, doença de Parkinson, acidentes vasculares cerebrais (AVC).


Referências Bibliográficas 
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000. p.100-111; 191-195.

FLECK, Marcelo Pio de Almeida et al. Diretrizes da Associação Médica Brasileira para o tratamento da depressão (versão integral).Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2003, vol.25, n.2, pp. 114-122.

Disponível em: www.scielo.br/scielo

PSIQUIATRIA, Associação Americana de. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais - DSM-IV-TR. Trad. Cláudia Dornelles, 4 ed. rev. Porto Alegre: Artmed, 2002 (p.365-376; p.408-413). Solicitações


Este site pode ser muito interessante pra você, que já sabe que tem o problema e/ou algum(a) amigo(a). Tente aproveitar o que puder e lembre-se, evite LER TUDO! Não há necessidade. Leia, apenas, o necessário!

DEPRESSÃO TEM CURA!

Fonte: http://www.espacovidaclinica.com.br/tratamentos/depressao-tristeza-apatia-stress-como-tratar-entenda.asp

sábado, 7 de abril de 2012


Acredito que nós, Psicólogos, devemos nos aperfeiçoar cada vez mais nisso!!!



CURSO DE ESCUTATÓRIA
 

Belo texto do Rubem Alves sobre a incapacidade de ouvir, muitas vezes porque estamos dominados por nossa arrogância, nossa vaidade. As vezes porque nos julgamos bons demais, ocupados demais e ouvir dá trabalho, requer tempo, atenção, doação. E a vida passa tão depressa, não é mesmo? Seja qual for a nossa justificativa, afinal, são tantas, merecemos parar um pouquinho e apreciar essa leitura. Espero que gostem.


Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil….

Diz Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas… Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
 
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios….

Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.

Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado”.

Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou”.

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou”. E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
 
Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

Rubem Alves é escritor, professor e psicanalista, nasceu no dia 15 de Setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais.

quinta-feira, 5 de abril de 2012


SOU TÍMIDA. O QUE EU FAÇO COM ESSA MINHA TIMIDEZ?


A definição de timidez mais conhecida é a que se refere ao tímido como aquele que tem temor, receoso, acanhado, covarde. Pessoa que tem vergonha, sensitiva, pessoa que com tudo se melindra ou de grande suscetibilidade, aquele que facilmente se ofende. A definição de temor também é descrita em alguns dicionários como ato ou efeito de temer-susto sentimento de reverencia ou respeito.

Prefiro dizer simplesmente, tímido é aquele que tem medo. Na infância o comportamento em relação ao medo é explicado e entendido pela capacidade da criança em discriminar fantasia de realidade. Ao passo que esta capacidade vai sendo aprimorada em sua relação no mundo, o medo naturalmente vai se adaptando ao que é esperado, ou seja, passa a ser um parâmetro de auto proteção .

As pessoas mais tímidas, tendem a supervalorizar os possíveis riscos, assim o novo e o desconhecido torna-se assustador. O tímido está sempre muito preocupado em passar uma boa imagem para as pessoas, torna-se extremamente exigente consigo mesmo, apresentando por isso , mais dificuldade de se relacionar, paquerar, namorar, expressar o que sente e o que pensa sobre as coisas.

A inibição geralmente é resultado do medo de falhar e com isso se sentir ridículo e incapaz. A timidez está diretamente relacionada ao amplo sentimento de competência. A nossa auto imagem é a percepção daquilo que acreditamos ser, quando ela é negativa, encontramo-nos numa prisão interna que nos leva a distorcer a realidade e em conseqüência nos retraímos.

O ser humano tem uma demanda de amor, necessita ser amado para se desenvolver , precisa sentir-se visto, percebido e aceito. Existem muitos estudos que relatam, que a falta de amor ou o desamor , principalmente nos primeiros anos de vida, interferem no desenvolvimento e na maturidade emocional do ser humano. O nosso sentimento de segurança e de auto confiança se configura ainda nesta fase, através das vivências de afeto e de confirmação pelas quais passamos.

Costumo dizer que nós passamos por dois úteros, um físico e um psicológico. Ambos nos geram para o mundo. O psicológico é formado por nossa matriz social, ou seja por nossa família, pelas pessoas com quem nos relacionamos e com as quais aprendemos e entendemos como devemos nos comportar. A educação é a via desse processo. E através dela aprendemos quem somos, o que somos e como somos. Nossa individualidade vai sendo lapidada pela visão de mundo de nossos pais, suas crenças, seus mitos e suas verdades.

São desses entendimentos que se desenvolve nossa AUTO ESTIMA. A auto estima é o resultado do afeto que aprendemos a dar a nós mesmos através do respeito e da aceitação daquilo que pensamos, sentimos e somos. Através dela conquistamos nossos espaços e percebemo-nos merecedores de felicidade. É o resultado do amor que recebemos, não o amor gratuito mas aquele que ensina a retribuir, que ensina a noção de respeito ao outro e a si mesmo. Na primeira infância necessitamos da aprovação externa, a reação das pessoas aos nossos atos também constituem fonte formadora da nossa auto imagem e podem modificar ou influenciar nosso auto conceito que carregaremos durante a vida.

Este auto conceito, esta percepção de si, dos próprios potenciais, de limites, e principalmente de seus desejos, vão sendo estimulados durante toda a nossa vida, através das diversas relações que estabelecemos. Isto significa que a nossa família influencia nossa forma de nos percebermos mas não a determina. A maturidade psicológica pode ser medida também pela nossa capacidade de nos auto alimentarmos emocionalmente passando então da necessidade de confirmação para apenas o desejo de sermos aceitos.

Isto não significa que somos como argila, moldados apenas pelas experiências externas. Nascemos com características físicas e com algumas psicológicas, herdadas. Trazemos conosco em nosso nascimento um potencial de saúde mas que precisa dessas provisões externas para se desenvolver.

Resumindo a auto estima é a capacidade do ser humano de sentir-se bem em relação a si próprio, o bastante para aceitar a rejeição não como uma afronta pessoal, mas, como parte inevitável da vida. O indivíduo com auto estima tem a capacidade de deixar a rejeição para traz e prosseguir. Aqueles que se aceitam agem livremente, permitindo a si mesmos atuar próximo ou no máximo de seu potencial. Expressar-se é contar sobre si , relacionar-se, assumir que faz parte do mundo.

O TÍMIDO tem sua AUTOESTIMA baixa, frágil, sempre acha que todos estão olhando para ele, o mundo roda em torno de sua atuação. Está preocupado em como os outros vão avaliar suas atitudes e comportamentos e com isso não tem coragem de assumir seus próprios desejos.

A timidez torna as pessoas propensas a interpretarem os acontecimentos de uma maneira ameaçadora ,com isso sua autonomia torna-se prejudicada, precisando de algo ou alguém para sentir-se seguro e tranqüilo.

Em nossa atuação no mundo trabalhamos sempre em duas áreas a da ilusão (fantasia, crenças) e da realidade (mundo objetivo). Nossas escolhas e formas de entender e de sermos no mundo nascem destes focos de atenção. Se temos uma boa noção sobre quem somos e do que somos capazes, ou seja, de nossos potenciais e de nossas possibilidades, atuamos no mundo de forma mais autônoma e segura. O conhecimento de si mesmo, aliado a auto estima são os fatores determinantes para mudar sua forma de se relacionar com o mundo.

A timidez incomoda cada vez mais. Em nossa sociedade competitiva aquele que não ousa, aquele que teme ser visto, ser percebido ou questionado em suas opnioes, tem mais dificuldade em se relacionar, conquistar seu espaço profissional e com isso alcançar o sucesso esperado pela sociedade e muitas vezes por si próprio. Torna-se invariavelmente comum, receber em meu consultório pessoas que buscam se livrar desse sofrimento. Desde jovens que não conseguem se expor em sala de aula, apesar de saberem a matéria, ou mesmo não conseguem fazer amizade pertencer a um grupo sentindo-se excluídos e rejeitados ou arriscar uma paquera, a adultos, muitas vezes já profissionais ,que, sentem dificuldade de expressar seus conhecimentos liderar grupos, agir com autoridade, estabelecer limites. Os tímidos sofrem e perdem oportunidades profissionais, relacionamentos pessoais, vivências, experiências, porque não se lançam no mundo. A sociedade prefere aquele que saiba defender suas idéias e seus pontos de vista.

...Então O QUE EU FAÇO COM ESSA MINHA TIMIDEZ?

Certa vez recebi em meu consultório uma jovem de 20 anos na época, trazida pela mãe. A jovem que vou chamar aqui de Ana, era muito retraída, não tinha amigos, nunca havia namorado, e tinha pavor em falar em público. Vejam que, o que ela chamava de público, eram no máximo 2 ou 3 pessoas mediamente conhecidas. Se ela encontrava um vizinho na rua, por exemplo, rapidamente mudava de calcada, para não ter que cumprimentar. Ficava tão tensa que seu coração disparava e chegava a suar frio. Evitava cada vez mais o contato com outras pessoas.

Com o tempo eu e Ana , descobrimos que a dificuldade dela não nascia simplesmente no momento de se expressar, não era uma questão de escolher as palavras, mas, na maioria das vezes Ana não conseguia perceber o que realmente sentia ou pensava em diferentes situações. Ficava tão preocupada com a avaliação, que imaginava que fariam a seu respeito que esquecia de si mesma.

Com o desenvolvimento da psicoterapia Ana foi sendo estimulada a se reconhecer , descobrindo do que gostava, o que pensava sobre as coisas e aprendendo a se aceitar com todas as suas qualidades e com todas as suas dificuldades. Descobriu que é natural nos afeiçoarmos mais a algumas pessoas que a outras e que não há nenhum problema nisso. Da mesma forma teria pessoas que se afeiçoariam mais a ela e outras não, e que isso faz parte do nosso humano. Depois de alguns meses Ana contou-me que estava mais feliz, ainda não tinha coragem de paquerar até porque estava destreinada, como dizia, mas já arriscava algumas trocas de olhares e quando encontrava alguém conhecido arriscava um discreto OI!

O que podemos aprender com esse pequeno flash da vida da Ana é que o primeiro e mais importante passo é a busca de auto conhecimento, quanto mais descobrimos nossos potenciais e nossos limites, mais nos fortalecemos para aceitar críticas e aprender com elas.

A possibilidade de ousar é resultado desse conhecimento, podemos aprender a pular uma distancia maior quando sabemos de nosso potencial e agimos para utiliza-lo.

Aprender a tolerar as frustrações também fazem parte desse desenvolvimento emocional, quanto maior nosso limiar de tolerância, maior nossa maturidade. Nunca agradaremos a todos! Simplesmente porque somos maravilhosamente diferentes.

Psicóloga Sirley R. S. Bittú

Fonte: http://clinicaselfcare.com/index.php

terça-feira, 3 de abril de 2012


  
Por que procurar um Psicólogo?


Porque a Psicologia significa o estudo da alma, ciência que se dedica a estudar o sujeito em toda sua dimensão, sua essência: mente e corpo, contentores da razão, intuição, sentimentos, desejos, emoções, comportamentos e seus conflitos nas relações com os outros e consigo mesmo.

Existem muitas maneiras de entender, assimilar e conceituar os conteúdos psicológicos e, dependendo do enfoque dessa análise, surgem as diferentes teorias que vão compreender e explicar a natureza humana de cada sujeito, frente à si e seus conteúdo psíquicos.

As chamadas abordagens ou linhas teóricas da Psicologia, como a Psicanálise, a Psicologia Existencial-Humanista, o Psicologia Psicodramatista, a Psicologia Comportamental, a Psicologia Corporal, a Psicologia Reflexiva entre outras, servem de base e suporte científico para a natureza do tratamento e compreensão do conflito do sujeito, em sua interioridade, subjetiva e inter-subjetiva.

Embora cada uma delas estude o homem de uma forma diferente, todas buscam compreendê-lo de maneira global e todas contribuem na obtenção de uma visão mais precisa e detalhada da condição e características humanas. Da mesma forma, são as técnicas para aplicar clinicamente os conhecimentos psicológicos. A aplicação e intervenção clínica das técnicas psicológicas com objetivo de tratamento são denominadas de Psicoterapia.

A Psicoterapia objetiva auxiliar o indivíduo a lidar com suas emoções e com seus conflitos psicológicos da mesma forma que uma professora pedagoga auxilia aqueles alunos que estão sofrendo um problema de aprendizagem, ou um advogado auxilia aquele que tem um problema judicial.

Parece lógico um aluno que não está aprendendo bem procurar um professor particular ou mesmo aulas extras ou alguém que perdeu suas terras ou briga judicial de família procurar um advogado, por exemplo. Mas por que ainda é tão difícil para aqueles que sofrem com seus problemas psicológicos, seja de natureza individual, de casal ou de família procurar um psicólogo?

Existem muitas respostas possíveis para esta pergunta como o antigo preconceito de que a Psicologia só trata de loucos, a idéia de ser um tratamento caro ou então muito demorado, etc. Assim, a pessoa até pensa em buscar ajuda, mas por vergonha ou desinformação, acaba desistindo. A Psicoterapia, ao contrário do que muitos pensam, é um tratamento com começo, meio e fim, onde o psicólogo aplica seus conhecimentos para diagnosticar o problema, entender e criar estratégias, juntamente com, a pessoa que o procurou, para solucioná-lo.

Assim como um médico trata do problema físico, o psicólogo trata do problema psicológico. As dores emocionais, que provocam no corpo físico sintomas dolorosos.

Mas que dores são essas?

Angústias, medos, ansiedades, os problemas de relacionamento, que desencadeiam as depressões e tantas outras dificuldades e inquietações que dificultam ou, até mesmo, impedem o desenvolvimento saudável da vida da pessoa que sofre por não saber lidar com elas.
 
A psicoterapia é o caminho de enfrentamento dessas questões que incomodam. É um cuidado que se tem com sua saúde emocional. Ter saúde não significa apenas não ter alguma doença instalada no corpo ou na mente, ter saúde significa viver bem, ter qualidade de vida subjetiva e objetiva, dispor de bem-estar físico – prazer constante corporal, psíquico – sensação mental de leveza e alegria e social – prazer de convier e compartilhar da companhia de outras pessoas.

Buscamos fontes de alegria e prazer de diversas formas como no happy hour com os colegas após o trabalho, em casa dialogando com a família e compartilhando histórias.
Lidamos com nossos problemas, enfrentamos as dificuldades que vão surgindo e aproveitamos os bons momentos que vivemos, mas o que fazer quando as coisas não ocorrem assim?

Existem muitas pessoas que se sentem mal frequentemente, não conseguem levar bem suas vidas, mas preferem mascarar seu sofrimento e esperar que ele passe por si só. Pensam que nada podem fazer a respeito, mesmo sentindo-se infelizes e inadequadas, querem falar e não sentem que são realmente ouvidas ou compreendidas pelas pessoas de seu convívio. Por vezes não se percebem irritadas, agredindo verbalmente filhos e companheiros. Alguns se calam, preferem se isolar.

Existe também quem passa a se entorpecer com drogas e os que podem se engajar em comportamentos viciados e destrutivos como, por exemplo, a utilização exagerada e inapropriada de jogos, da atividade sexual ou de comportamentos de auto-risco para si e para os outros.

Tudo isso pode ser muito eficaz para manter a ilusão e enganar a si mesmo e arrastar seus sofrimentos por mais tempo, mas nunca irá de fato resolver nada de concreto, pelo contrário, vão contribuir para a piora do quadro de angústia, culpa, sensação de vazio, além de outros problemas mais sérios que podem surgir.
 
Quando algo não vai bem, incomoda, machuca, persiste e não encontramos recursos suficientes em nós mesmos para compreender e enfrentar a situação que está afetando ou impedindo o andamento saudável de nossa vida, é o sinal de que necessitamos buscar um auxílio psicológico, é sua alma gritando num silêncio escuro e desesperador.

A Psicologia vai buscar um ponto de equilíbrio entre suas emoções, suas razões: pensamentos e sentimentos, e, seus comportamentos para favorecer atitudes que gerem segurança e bem-estar.

O psicólogo vai escutá-lo e ajudá-lo a identificar suas dificuldades e necessidades, a refletir a respeito delas e de suas causas criando meios para tratar estes conflitos, gerando, assim modificações positivas em sua vida.

A Psicoterapia pode, realmente, lhe trazer muitos benefícios, mas é importante saber que isso leva tempo e demanda esforço e disciplina do paciente. É um processo muitas vezes doloroso, mas que traz como recompensa o amadurecimento, crescimento e desenvolvimento pessoal.

A procura pelo auxílio de um psicólogo pode se dar pelos mais diversos motivos que vão desde problemas emergenciais muito bem focalizados, orientações e esclarecimentos, dificuldades existenciais ou mesmo pela busca de autoconhecimento.
 
Problemas de relacionamento interpessoal com a família, amigos, colegas de trabalho, cônjuge-Timidez – Depressão – Stress – Insegurança – Dificuldades Afetivas – Incapacidade para lidar com mudanças – Fobias – Pânico – Alterações frequentes de humor – Transtorno de ansiedade – Transtorno Obsessivo-Compulsivo – Transtornos alimentares – Problemas sexuais – Doenças psicossomáticas – Problemas de aprendizagem – Orientação vocacional – Crises de transição das fases da vida como adolescência, maturidade, envelhecimento, etc.

Quanto mais cedo se procura ajuda, mais cedo se diagnostica e se trata o problema. Para que o processo psicoterapêutico se dê de forma satisfatória é preciso saber que o psicólogo não tem sozinho as respostas que você procura e, portanto, não lhe dará soluções mágicas.

Não tenha receio de visitar alguns profissionais antes de se decidir por aquele que você mais gostou. Procurar ajuda psicológica é um sinal de coragem e maturidade. É a oportunidade que você se dá para olhar de frente seus problemas e as dificuldades causadoras de infelicidade e sofrimento para aprender a melhor maneira de lidar com elas, se fortalecer, desenvolver seus potenciais, se autoconhecer.


É um investimento em sua qualidade de vida psíquica, orgânica e social, e no seu crescimento pessoal. Fazer psicoterapia é reservar um espaço, um lugar e um tempo na sua vida para cuidar de si.


Gelci Nogueira
Psicóloga Clínica


DICA:

É importante lembrar que o correto é dizer: 'estou em Psicoterapia', se o(a) profissional, é da área de Psicologia. 'Estou em (na) Análise', se o(a) profissional é um(a) (Psic)analista. Ao invés de, simplismente: 'estou na Psicóloga'; 'estou na Terapia' (sendo com uma Psicóloga). Terapias há muitas e em diversas áreas, e a Psicoterapia é o ícone da Psicologia Clínica! Deu pra diferenciar?!


SER PSICÓLOGO É UM CHAMAMENTO DIVINO!

Fonte: Psicologia.com.pt – O Portal dos Psicólogos


SOBRE O PERDÃO E O PERDOAR


Odiar alguém, manter o ressentimento, é uma forma de ficar preso ao passado e a essa pessoa.


Algumas pessoas são levadas a pensar que perdoar é um acto simples. Puro engano. O verdadeiro perdão não é aquele que resulta de uma atitude de arrogância do tipo “vou passar por cima do assunto, porque sou melhor que tu e, por isso mesmo, até te consigo perdoar”.

O perdão genuíno é muito mais do que isso. É o culminar de um processo que requer coragem, determinação e, acima de tudo, reflexão. Quando afirmo que não é fácil, tenho como ponto de partida o facto de as ofensas mais dolorosas estarem, no geral, associadas a um ataque à auto-estima. Por este motivo são geradoras de tanto ódio e ressentimento. Sofremos porque sentimos que fomos alvo de uma injustiça, de um ataque que nos atinge muito fundo e provoca graves feridas emocionais. Mas não é possível falar de perdão, sem falar do ódio.

Esse sentimento tão intenso que vive nas antípodas do amor e que se parece tanto com ele … aliás, já todos nós um dia nos questionámos, porque é que o nosso vizinho mantém o casamento com a mulher, apesar de se darem tão mal? O elemento de ligação passou a ser o ódio, ao invés do amor.

Atacam-se, destroem-se progressivamente mas mantêm-se juntos numa relação sadomasoquista. É também este tipo de mecanismo que impede muitas pessoas de perdoarem outras. Remoem os assuntos vezes sem conta, anos a fio, sem saírem do mesmo lugar e sem terem a coragem de dar o passo seguinte que poderia iniciar o processo que levaria ao perdão. Mas não é isso que desejam.

Muitas relações que têm o ódio como laço, não sobreviveriam ao perdão. O ódio é, assim, a única forma de evitar o sentimento de vazio e, por conseguinte, a depressão. Mas, perdoar é bastante distinto de esquecer. É preciso recordar a situação traumática para só depois conseguir arrumá-la. Trazer a dor à superfície e, posteriormente, passar a analisar até que ponto esta situação mudou as nossas vidas.

Um exemplo muito comum surge após a ruptura de uma relação afectiva. Algumas mulheres cedem à tentação de generalizar e afirmam coisas do tipo “os homens são todos iguais”. Assim, a situação de amor frustrado, levou à alteração da percepção do mundo e este é um ponto que se torna necessário realinhar. Seguidamente, é preciso criar a capacidade de empatia com o agressor.

Esta é, seguramente, a fase mais complicada de todo o processo, porque implica conseguirmos ser capazes de nos colocarmos na pele de quem nos fez mal e percebermos o porquê do que aconteceu. Talvez nos tivéssemos encontrado no lugar certo mas no momento errado, talvez alguém no passado lhe tenha feito a mesma coisa, talvez, talvez… podemos também argumentar que nada temos a ver com isso. Afinal de contas não temos de ser atingidos por coisas que não foram da nossa responsabilidade! É verdade… mas, há que ter bem presente que o objectivo a atingir é conseguirmos perdoar o agressor e, este objectivo envolve-se de aspectos muito positivos, tanto a nível psicológico, como físico.

É hoje consensual na comunidade cientifica, que são enormes os benefícios do perdão. As pessoas movidas constantemente por desejos de vingança, colocam-se muito mais numa situação de risco de morte prematura devido a doenças cardiovasculares. O acto de perdoar diminui a tensão arterial, reduz a pressão sanguínea e a taxa de batimentos cardíacos.

Além do mais, o ressentimento e a falta de perdão são âncoras que mantemos no passado. Impedem-nos de ir para a frente, de colocar definitivamente pontos finais na situações e, em vez disso, optamos pelas reticencias, pelos finais em aberto que apenas nos trazem mais e mais dor . Para quê ? Com que objectivo ? Só se formos masoquistas…

Psicóloga Teresa Paula Marques

Fonte: http://www.teresapaulamarques.com/

sábado, 24 de março de 2012

O AMOR TERAPÊUTICO


O AMOR TERAPÊUTICO

"O Amor é a única maneira de captar outro ser humano no íntimo da sua personalidade.
Ninguém consegue ter consciência plena da essência última de outro ser humano sem amá-lo.
Por seu amor a pessoa se torna capaz de ver os traços característicos e as feições essenciais do outro e mais ainda, ela vê o que está potencialmente contido nele, aquilo que ainda não está,
mas deveria ser realizado […] conscientizando-a do que pode ser e o que pode vir a ser,
aquele que ama faz com que essas potencialidades venham a se realizar".

(Victor Frankl)

Vamos fazer uma reflexão sobre a manifestação amorosa do terapeuta pelo cliente, a que é denominada "amor terapêutico".

Nesse tipo de relação o amor pode acontecer, e se manifesta com características diferenciadas. Diferente do amor por si mesmo, amor fraterno, amor materno, amor erótico e amor romântico ou paixão.

O amor terapêutico envolve aceitar o cliente tal como ele é, perceber as suas necessidades, sentimentos, crenças, valores, conflitos e dificuldades entre outras coisas.

Na relação terapêutica amorosa, o terapeuta se permite discordar do cliente, frustrar manipulações e jogos de controle, estabelecer limites entre terapeuta e cliente, oferecer suporte para que o cliente experimente as próprias limitações e dificuldades, responsabilizando-se por elas.

O terapeuta que ama seu cliente precisa ser muitas vezes firme e forte para evitar manipulações e ajuda-lo a assumir responsabilidades. Isso não quer dizer que ele deva ser rude, agressivo ou frio, o que não seria uma atitude amorosa. A essência do Amor é o relacionamento.

A relação terapêutica possui conhecidas características que a diferenciam das demais relações humanas, extensamente estudadas nas teorias da prática psicoterápica. O amor terapêutico é mais um dos aspectos que distinguem essa forma de encontro de tantas outras.

O amor terapêutico pode se manifestar não só na relação psicoterapeuta-cliente; um médico, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo, um terapeuta ocupacional também podem manifestar-se amorosos na relação com seus pacientes; certamente, suas atitudes amorosas facilitarão o processo de cura, de recuperação ou de reabilitação dos mesmos, uma vez que a saúde é muito mais do que a ausência de doenças, mas um estado de integração do indivíduo.

É através do estado de ser amoroso que o terapeuta cria condições para que o cliente possa ouvir, ver compreender, aceitar e amar a si mesmo. O amor só pode ser recebido pelo cliente se ele próprio estiver em estado amoroso; o amor do terapeuta cria a oportunidade para que o potencial de amor do cliente possa ser ativado por ele mesmo.

As atitudes amorosas do terapeuta favorecem o contato do cliente com o "desamor" próprio, uma vez que através da relação terapêutica ele poderá perceber que, apesar de ser aceito, valorizado, respeitado e amado, ainda assim ele rejeita, desvaloriza, desrespeita e deixa de amar a si mesmo.

O cliente que não ama a si mesmo envolve-se em relações não amorosas, pois nesse caso relacionar-se com o outro amoroso significa perceber-se e deparar-se com as próprias dificuldades. O indivíduo amoroso não estabelece jogos manipulativos, nem se cristaliza no desempenho de papéis rígidos, ou absorve projeções advindas do parceiro. Relacionar-se com uma pessoa verdadeiramente amorosa é como estar diante de um espelho e ver refletida a própria imagem, seja ela bela ou defeituosa.

E este é um dos aspectos essenciais da relação terapêutica: o terapeuta amoroso confirma as necessidades do cliente e o aceita tal como é, mas sem contracontrolar ou manipular, sem seduzir sem deixar-se seduzir, sem incorporar projeções ou buscar onipotentemente satisfazer o cliente e "salvá-lo" das próprias dificuldades. Ele se oferece como instrumento para que o cliente experimente com segurança todo sofrimento auto-imposto, e a partir da constatação profunda de seus modos de existir, possa confirmar-se e compreender-se para ser capaz de amar a si mesmo.

O terapeuta amoroso não só funciona como "espelho" dos aspectos conflitantes ou destrutivos do cliente. Obviamente, reflete suas capacidades e potencialidades, como também com a própria beleza, seus aspectos construtivos, belos e únicos, sua singularidade. O cliente que não se vê, não deixa apenas de deparar-se com os medos e as dificuldades, como também com a própria beleza, seus aspectos positivos e criativos, suas capacidades e habilidades, enfim, com a própria individualidade.

A atitude amorosa do terapeuta permite que o cliente passe a questionar o "mito do amor condicional", ou seja, as crenças, os valores e as atitudes, nos relacionamentos afetivos, baseadas na crença maior de que o amor só pode ser vivido sob certas condições. Possibilita também que o cliente experimente uma nova maneira de relacionar-se, na qual a aceitação, o respeito, a consideração, os limites, a responsabilidade, o compartilhar e o amor estão presentes.

Assim, ao oferecer um clima de segurança, o terapeuta possibilita ao cliente experimentar a vulnerabilidade, as necessidades, os sentimentos próprios e também, o amor. O cliente pode ser aceito, respeitado, valorizado e amado e, progressivamente, recuperar a aceitação de si mesmo, desenvolvendo sua capacidade para amar.

Fontes: